
Mirante do Centro Geodésico da América do Sul
Em Chapada dos Guimarães, na face Sul dos paredões, existe um mirante natural que dá vista para a imensa planície pantaneira e também de onde se avista Cuiabá, a Capital de Mato Grosso. Neste mirante existe um marco geodésico e muitas pessoas sempre acreditaram que este local seria o 'centro geodésico da América do Sul', porém trata-se apenas de um marco de altitude e complementa o antigo marco localizado em Cuiabá, o qual é, segundo geógrafos, o marco exato do centro da América do Sul.
O marco em Chapada dos Guimarães é apenas um ponto físico que serve para delimitar territórios e não alcança, na imaginação humana, a sensação produzida por um mirante com vista tão ampla. Esta sensação, de ver tudo do alto, é que dá o toque místico para o 'centro da América do Sul'. Não precisa ser geodésico, mas apenas centro. Neste conceito mais amplo consideramos que o mirante em Chapada dos Guimarães realmente não é o 'centro geodésico', mas sim o 'centro' da América do Sul, ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico (Oceanos).
Segue abaixo um texto de Anibal Alencastro, Geógrafo, onde ele esclarece um pouco mais sobre o assunto. Algumas partes fora do contexto explicativo foram retiradas.
"Neste ano (2009) estamos comemorando 100 anos da existência do nosso velho marco, implantado pela Comissão Rondon em 1.909, no largo do Campo D'ourique (hoje praça Pascoal Moreira Cabral, onde está situada a Câmara dos Vereadores - Cuiabá).
A determinação desse marco geodésico em Cuiabá além de ser um desejo histórico, mesmo porque Joseph Barbosa de Sá, o primeiro historiador cuiabano já afirmava essa situação geográfica em suas escritas no século XVIII, e através de um português arcaico assim dizia ... Achace esta Villa assentada na parte mais interior da América Austral, em altura de quatorze graos não completos ao Sul da linha do Equador, quase em igoal paralelo com a Bahia de Todos os Santos, pela parte Occidental com a cidade de Lima, capital da Província do Peru , em distancia igoal de huma e de outra, costa setecentos e sincoenta légoas que sam as mil e quinhentas que tem latitude nesta altura deste continente , assentada a beira do rio Cuyabá ...
O marco em Cuiabá, está determinado pelas coordenadas geográficas de Latitude 15° 35 56¨ ao sul da linha do equador e Longitude 56° 06 05¨ a Oeste do Meridiano de Greenwich, cujo marco é reconhecido pela Diretoria do Serviço Geográfico do Ministério do Exercito DSG, de conformidade com a folha topográfica de nomenclatura SD.21 Z-C-V-2 na escala 1:50.000 de Cuiabá, editada em 1975.
O centro geodésico em Cuiabá é um fato que já faz parte da nossa história e de nossa literatura;
O símbolo se consagra quando dá promulgação do decreto lei Nº 241/72 de 29 do 12 de 1972, que oficializou a bandeira do município de Cuiabá, e que ostenta na sua parte central , o Centro Geodésico da América do Sul.
Para complementar a centralidade do referido marco buscamos a simples razão da instalação da estação de rastreamento de satélite artificiais do INPE ( Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ), ser em Cuiabá nos dá a entender o porque do posicionamento estratégico de Cuiabá, como o Centro do Continente, uma vez que, não situado no centro da América do Sul, não obteria rastreio igual entre os ângulos: Norte e Sul Leste e Oeste do continente.
(*) O Marechal Candido Mariano da Silva Rondon e sua equipe de geodesistas, em 1927, utilizando as mesmas técnicas retificou os limites de toda fronteira do Brasil com os seguintes países: Guianas , Venezuela , Colômbia , Peru , Bolívia , Paraguai, Argentina e Uruguai concluído o gigante trabalho no ano de 1930, percorrendo um total de 17.366 Km , com implantação de marcos, que até hoje, lá estão firmes e sólidos não ocorrendo nenhuma duvida quanto aqueles limites de fronteira até hoje.
Em 1934 Rondon foi indicado o arbitro do Conflito de Letícia indicado pelo governo brasileiro e por ser o mais competente engenheiro para definição das linhas de fronteiras entre a Colômbia e o Peru, Rondon permaneceu até 1938 quando encerrou com sucesso a missão pacificadora entre aqueles países estabelecendo harmonia novamente.
A metodologia da técnica geodésica utilizada por Rondon é apoiada em astronomia e os astros nunca mudam de local daí dizer, que os cálculos matemáticos elaborados por Rondon, já estão defasados não procede, mesmos porque os modernos GPS estão apoiados em órbitas de satélites artificiais que por sua vez, são atrelados em astros celestes.
Todos os marcos geodésicos da fronteira entre Brasil e os países vizinhos, inclusives os marcos entre o Peru e a Colômbia da célebre discórdia Conflito de Letícia . Lá estão no mesmo lugar dignamente respeitados.
Na verdade naquele local o que ali existe é um antigo marco de RN (Referencia de Nível). Cujo marco é um vértice geodésico que faz parte de uma rede de triangulação de 1º ordem do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ou seja, é um ponto de apoio cartográfico / topográfico para elaboração de mapas e, ou para auxilio de trabalhos topográficos precisos na compensação de cálculos da esfericidade da terra.
O marco em referência é o RN-Teixeira,entre outros milhares existentes em todo o território brasileiro , inclusive em Cuiabá, precisamente na Universidade Federal de Mato Grosso, em frente ao departamento de Ciências Sociais, um outro marco está localizado no trevo de entrada para Santo Antônio de Leverger esta triangulação geodésica foi um trabalho executado nos anos 30 pelo ilustre engenheiro geodesista, o cuiabano Allirio Hugueney de Mattos , professor de geodesia da Universidade do Rio de Janeiro.
Portanto, aquele marco localizado no mirante de Chapada dos Guimarães, nada tem a ver com o monumento único do Centro Geodésico da América do Sul situado em Cuiabá." Assim termina o texto do Geógrafo.
Nota: Mirante do Centro Geodésico da América do Sul, ou seja, de onde se 'mira' o Centro Geodésico.
Estamos no centro da América do Sul, sem dúvidas, a apenas 7 km do centro de Chapada dos Guimarães !!





